Ninguém devia ficar indiferente ao que se está a passar na Faixa de Gaza e ao massacre de que o povo palestiniano está há décadas a ser vítima.
Ninguém, nenhum de nós, nenhum Governo pode deixar de condenar os bombardeamentos à Faixa de Gaza por parte de Israel nos últimos dias que fizeram mais 150 mortos dos quais cerca de 40 crianças.
O que se passa actualmente foi começado pelas tropas israelitas que iniciaram os ataques em Jerusalém contra os palestinianos que estavam a celebrar o fim do Ramadão na Esplanada das Mesquitas e face à ameaça de despejar famílias palestinianas de um bairro em Jerusalém Oriental. Ao contrário do que alguma comunicação social diz foi Israel que lançou os primeiros ataques e não o Hamas.
O Governo português tem obrigação de condenar estes ataques e António Costa enquanto na Presidência do Conselho de Ministros da U.E tem o dever de condenar inequivocamente o que Israel está a fazer.
Israel tem sistematicamente violado todas as resoluções das Nações Unidas e o Direito Internacional relativamente à Palestina e está a perpetrar um verdadeiro genocídio do povo palestiniano.
Partilho aqui as palavras sofridas de Shahd Wadi uma palestiniana que vive em Portugal e que conheci em 2014, partes de um texto escrito nesse mesmo ano quando sentia o peso dos ataques israelitas.
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Nunca detestei tanto escrever assim. Já não há palavras, já não há nem sequer raiva. Sinto-me morta, cheirei tanta morte enquanto estive escondida atrás do ecrã do computador que agora me sinto morta também.
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Também em Gaza havia amor, mas já morreu. Foi atingido por uma bomba israelita e ficou completamente em pedaços, estilhaçado e completamente queimado, o amor tornou-se cinza e foi pisado por tantas pessoas enquanto fugiam da morte.
“Também nós amamos a vida quando podemos.” disse o poeta palestiniano Mahmoud Darwish. Mas já não podemos. Já não há vida. Já não há amor. Em Gaza tudo foi morto, assassinada, massacrado.
Não consigo escrever este texto. Este texto não deve ser escrito, não faz sentido.
Desde o momento em que comecei a escrever até agora já mudou tantas vezes o número das mortes que caem como as flores numa tempestade de chuva de fogo. Queria partilhar histórias de amor em Gaza, de coragem, de resistência e de luta para a liberdade. Mas já não há. Tudo morreu em Gaza. Todas as palavras morreram em mim.
Não deveria ser eu a escrever o artigo. Quem deveria escrever este artigo já morreu.”
Palavras que não deveriam poder repetir-se em 2021.
Hoje, às 18H30 na Praça Luís de Camões, como em outras cidades, Évora expressará a sua solidariedade com o Povo da Palestina numa acção promovida pela CGTP-IN e várias organizações. Sejamos todos solidários.
Até para a semana.