José Alberto Carvalho, na TVI, foi imperativo. Acho, disse ele, que teremos de ser fiscais uns dos outros. Mas, digo eu, para nos fiscalizarmos na perfeição, teremos de estudar, bem estudadas, a catadupa de regras que, diga a Constituição Portuguesa o que diga, cumpriremos mercê da situação de Calamidade em que vivemos e viveremos, sabe-se lá até quando. É tudo a bem da nossa saúde. Ainda que meia-dúzia de regras infantilóides possam extinguir todo o prazer de jantar num restaurante ou de apanhar sol numa praia.
Eu já comecei a decorar as regras – 78, nem mais nem menos – que, a partir de 6 de Junho, me permitirão fiscalizar eficazmente os meus concidadãos banhistas, em qualquer aquartelamento marítimo – vulgo areal – aonde me possa apetecer deslocar, apesar de tudo. Algumas das regras parecem-me previdentes, por exemplo esta, que se refere à limpeza de superfícies, nomeadamente, passadeiras, e que reza assim: “em qualquer limpeza adicional a realizar, deverá ser utilizada água do mar ou água da rede”. Previne-se, desta maneira, que algum concessionário mais atrevido pense, sequer, em utilizar nas passadeiras água engarrafada ou, pior ainda, águas residuais, tipo esgoto. Outra medida importante, certamente pensada a partir da Baixa Pombalina, é a de acabar com os costumeiros movimentos caóticos nos areais, introduzindo canais de circulação paralelos à beira-mar e outros a ela perpendiculares, de preferência de sentido único. Já imagino no Algarve: passeio higiénico à beira-mar, podendo molhar o pezinho, de barlavento para sotavento, fila com intervalos de metro e meio. Para voltar, sobe-se a perpendicular e vira-se a barlavento, agora pela areia escaldante, sempre tudo em fila, tudo muito higiénico e seguro, tudo pela nossa rica saúde.
Quanto aos sinais de trânsito, acho giríssimo. Como diz o senhor ministro do Ambiente, o vermelho não proíbe ninguém de entrar na praia, era o que faltava. Mas se a malta abusar, as autoridades interditam a praia, por haver perigo para a saúde pública. Que bem!