Enquanto a Itália se afunda numa situação cada vez mais complicada e a Espanha ainda hesita em levar a sério a situação, António Costa parece ter acordado para a gravidade da pandemia e, desde quinta-feira, tem liderado o sobressalto do país, rumo a uma contenção mais efectiva da propagação do vírus. Por isso, está de parabéns. Mas ainda há tanto que melhorar.
Sem querer ser pessimista, realço os números do Sindicato Independente dos Médicos: 50 médicos infectados sugerem falta de protecção adequada para os profissionais de saúde e 150 de quarentena sugerem, além disso, continuada falta de capacidade para testá-los em tempo útil.
Quero ser claro nas questões que me continuam a incomodar. Em primeiro lugar, tanta restrição na definição de ‘caso suspeito’, com inúmeros casos de infectados tardiamente descobertos, dever-se-á a haver poucos testes disponíveis ou a não haver suficiente capacidade laboratorial para os tratar? Ou será apenas casmurrice ideológica de especialistas, que não admitem que esta epidemia não trabalha by the book e segue regras diferentes?
Em segundo lugar, desde o princípio da invasão viral, as autoridades sanitárias desvalorizam o uso de máscaras. Em Macau, o seu uso obrigatório ajudou a parar rapidamente a cadeia infecciosa. Diz a Dr.ª Graça Freitas que a máscara só protege parcialmente. A lógica diz-me que protecção parcial é melhor que nada.
Cabe portanto perguntar, frontalmente, se nos desencorajam de usar máscara porque o stock existente no SNS, que dizem ser dois milhões de máscaras cirúrgicas, não chega nem para começar.