Tudo aquilo que não pode acontecer

Crónica de Opinião
Segunda-feira, 13 Novembro 2023
Tudo aquilo que não pode acontecer
  • Bruno Martins

Assinalamos no próximo ano 50 anos daquela noite que se transformou no Dia da Liberdade e da Democracia. 50 anos depois, assistimos a um dos maiores ataques à democracia de que há memória. Acontece tudo o que não pode acontecer.
Não, não podemos admitir que um Primeiro-Ministro se demita na sequência de um comunicado de imprensa da Procuradoria-Geral da República. O Ministério Público tem a responsabilidade de, perante o país e a bem do estado democrático que queremos ser, de esclarecer cabalmente qual o eventual envolvimento de António Costa no caso do lítio, hidrogénio e data center de que o país teve conhecimento na passada semana. Não podemos admitir que este eventual envolvimento fique por esclarecer, sob pena de poder ser atribuído ao sistema judicial a responsabilidade por uma tentativa de golpe de estado;
Mas, não podemos continuar a admitir que continue a vigorar um regime de promiscuidade, facilitismo e privilégio que atravessa a economia portuguesa, que manipula e condiciona os investimentos nacionais e que usa ilegitimamente o carimbo de interesse nacional para se auto legitimar.
E não, não podemos assistir impávidos e serenos a uma comunicação social mainstream que continua a fazer dos portugueses fantoches, que tenta condicionar o nosso pensamento, sublinhando uns acontecimentos em detrimento de outros. De repente, a crise no SNS, na Escola Pública e na Habitação deixaram de ter espaço mediático e o caso das gémeas luso-brasileiras que envolvia Marcelo desapareceu. E estes são só os exemplos mais recentes de uma comunicação massiva que dá destaque parcial ao que entende. Jornalismo não é isto.
Por fim, não, não podemos continuar a descredibilizar todos os partidos políticos, cedendo à tentação do populismo da extrema-direita e continuando a minar os alicerces de Abril.
Para o ano festejaremos os 50 anos da Liberdade, que saibamos assinalá-los a 10 de março, escolhendo coletivamente um projeto alternativo pela dignidade, pela democracia e que queira levar o país a sério. E sim, é à esquerda que encontramos a solução da esperança para um país que merece mais, muito mais.

Até para a semana!

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