Nem acredito! Esta semana ficámos a saber de um alegado pacto entre PS e PSD para dividir e reinar, nas juntas de freguesia da capital, num processo onde o Ministério Público assume formalmente suspeitas sobre Fernando Medina, atual ministro das finanças e outros políticos no ativo, como Duarte Cordeiro, atual ministro do Ambiente ou o deputado e ex-vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Sérgio Azevedo, entre uma série de outros potenciais participantes, presidentes e eleitos de juntas de freguesias da capital, pelo PSD e PS, ou outros como André Ventura, também apanhado em escutas, na altura ainda adepto e militante do PSD, no tempo em que ainda não gritava por vergonha, que pelos vistos também já
não a tinha, tal como os restantes que também terão a sua parte no bolo.
Em causa estão alegados atos de corrupção, participação económica em negócio, financiamento proibido de partidos, prevaricação de titular de cargo político, tráfico de influências e abuso de poder,
alegadamente praticados nos anos em que Medina liderou a Câmara de Lisboa. Um verdadeiro menu de crimes praticados por quem usa a democracia apenas para dela obter ilegítimas vantagens. Aqueles contra quem verdadeiramente lutamos e continuaremos a lutar.
De acordo com as declarações do Ministério Público e da Polícia Judiciária, existirão inúmeras escutas e vigilâncias que revelam alegados esquemas de favorecimento de interesses entre PS e PSD, em 2017, a partir de um ilegítimo pacto de cooperação entre autarcas e altos responsáveis destes partidos. Nada de
novo, portanto.
Falamos da distribuição de avenças para trabalhos fictícios e negócios de milhões celebrados debaixo da mesa com empresas de amigos, em ajustes diretos ou através da emissão de faturas falsas e outros esquemas habituais, violando a transparência, integridade, zelo e boa gestão dos dinheiros públicos, tudo isto apenas possível a partir do controlo combinado de determinadas juntas de freguesia da capital, umas do PSD e outras do PS, de acordo com os indícios revelados pela Polícia Judiciária e pela procuradora Andrea Marques. Nada de novo, outra vez. Corrupção pura e simples, para pagamento de favores, para enchimento de sacos azuis, tudo isto com o nosso dinheiro, que depois, claro, não dá para aumentar os
salários dos trabalhadores, gasto que foi com esta mafia toda.
Falamos de ilícitos penais praticados com o objetivo único de colocar amigos em posições estratégicas, para facilitar a manobra, como se pode depreender das mensagens divulgadas na comunicação social, ainda para mais, reveladoras de um baixíssimo nível de educação destes protagonistas, com um elevado nível de expressões ordinárias e de mau gosto, para quem nos deveria representar, gente que pelos vistos abunda nas hostes dos partidos do chamado arco do poder. Nada de novo, outra vez e infelizmente, como se pode constatar cada vez que se apanha uma conversa entre governantes, assessores e amigos, sempre reveladores de um baixo nível surpreendente. Pelos vistos é assim que falam entre eles… Um deputado
do PSD num telefonema então com um jornalista revela: “o PS ficou de apresentar candidatos fracos nas juntas que o PSD precisa e em determinadas juntas o PSD também apresenta candidatos fracos para o PS ganhar”. E remata a dizer que “a gente vai tomar conta do país”. É mesmo isto que pretendem e para
isso, parece valer quase tudo.
Nada de novo, de facto, se tivermos atentos ao que se passa por este país fora. Aqui mesmo, ainda há pouco tempo tivemos nas juntas de freguesia da cidade, pactos suspeitos e comprovadamente ilegítimos, já condenados pelos tribunais, mas com poucas ou nenhumas consequências para os atores destas ilegalidades, que naturalmente tinham o mesmo objetivo de contornar a lei e a democracia e colocar amigos em lugares de poder, desta vez, em juntas de freguesia do PS, com o acordo tácito do PSD, que mais à frente esperará o devido pagamento deste benefício. Imagine-se o que não se passará por este país fora, com os caciques de PS e PSD a fazerem os arranjinhos necessários, por forma a dominar o
espetro político nacional.
Tudo isto se resume a uma elaborada conspiração contra a democracia e tudo isto parece realmente demais. A questão que fica por saber é se continuaremos a alimentar estes perigosos criminosos, que acabarão por derrotar a democracia, se nada fizermos. Porque, como se vê, não convivem bem com ela, com a democracia. Porque como se vê, é o que já está em jogo. O futuro do regime democrático. O nosso futuro.
Até para a semana!