Um Orçamento para os Eborenses?

Crónica de Opinião
Segunda-feira, 06 Março 2023
Um Orçamento para os Eborenses?
  • Bruno Martins

Na passada semana a Assembleia Municipal de Évora reuniu para, entre outros assuntos, analisar e votar as Grandes Opções do Plano e Orçamento Municipal para 2023.

Ouviu bem. E sim, esta é a crónica de 5 de março. Só agora foi possível apreciar o Orçamento para o ano em curso, quando este deveria ter sido apresentando no final de 2022. Porquê? Bem, a resposta depende do ponto de vista. Se perguntar ao presidente da câmara da CDU ele dirá que a oposição com assento no executivo demorou a apresentar propostas. Se perguntar à oposição eles dirão que a responsabilidade é totalmente da CDU porque não apresentou propostas a tempo de serem discutidas. Se, por exemplo, me perguntar a mim, como representante do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal, direi que tanto uns como outros andam a brincar à política. Fazem da vida política, que devia ser enobrecida, um jogo onde procuram retirar benefícios da situação de instabilidade presente no executivo (uma força política governa a Câmara em clara minoria).

O Bloco de Esquerda muito gostaria de ter apresentado propostas, mas nem sequer foi convidado a fazê-lo em tempo útil. Compreendo, o peso que temos é pequeno e para o jogo que estão a jogar somos irrelevantes. Mas também vos confesso: para este tipo de jogos não me convidem.

Passado quase um ano e meio desde as últimas eleições autárquicas fica mais do que claro que não há vontade de nenhuma das forças políticas eleitas para o executivo municipal em promover um acordo de estabilidade para o mandato. Seria esse acordo que daria confiança aos eborenses da existência de opções do plano e orçamento que teriam uma perspetiva de médio-prazo. Mas não, ficamos dependentes a cada ano dos tacticismos e do calculismo. Muito lamento. O resultado: opções do plano e orçamento frágeis e que pouco ou nada acrescentam. Mas a responsabilidade tem de ser partilhada.

Da minha parte deixo uma garantia: o Bloco de Esquerda, consciente da correlação de forças, continuará a pugnar pela existência de um acordo à esquerda, que permita a aposta séria à crise que vivemos, que pugne pela transparência e participação, que aposte na cultura e património como motores de desenvolvimento, que dê resposta municipal à falta de habitação, que aposte na transição energética, respondendo à crise climática e colocando o transporte público no centro das decisões de mobilidade. Um acordo que permita uma gestão financeira equilibrada, mas que responda às necessidades dos e das eborenses. Estamos e estaremos disponíveis para contribuir quando houver vontade política para acolher verdadeiramente propostas estruturais para o futuro do nosso município.

Entretanto, tudo fica adiado, e Évora continua em suspenso. Constata-se o abandono do espaço público e a falta de investimento estrutural. Constatam-se alguns projetos que até podiam dar resposta mas que se ficam no “estamos a trabalhar”, no “não foi possível pelo PAEL e depois pela Pandemia” ou no “para o ano é que vai ser”. Entretanto, o cidadão paga, o cidadão desespera e o cidadão não vê a sua cidade cuidada.

Espero que um dia Évora possa acordar e exigir mais. Porque Évora merece.

Até para a semana!

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