Ontem o país comemorou quarenta e nove anos sobre a revolução de abril, mas não tenho por certo que os desígnios apontados por aqueles que, levaram a cabo a revolução, os bem-intencionados, tenham sido satisfatoriamente concretizados.
A descolonização, embora com críticas, foi feita. Já no que diz respeito ao desenvolvimento e à consolidação da democracia, tenho sérias dúvidas. Portugal tem uma das maiores assimetrias sociais da europa. Mais de vinte por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza e sem prestações sociais seriam quase quarenta por cento. Temos, por outro lado, uma das piores economias da EU, pior só a Itália e a Grécia.
Relativamente, à consolidação da democracia muito está por fazer e densificar. O nepotismo grassa nas relações do Estado com a sociedade e os cidadãos e as empresas a dependerem em demasia deste.
A emigração dos jovens representa um grave problema social, porque os que cá ficam, em regra, não têm acesso às cunhas e/ou têm poucas qualificações. O futuro dos jovens portugueses não é nada auspicioso e, consequentemente, as gerações mais velhas terão menos qualidade de vida na sua velhice. As reformas serão mais baixas e os bens e serviços com valores mais elevados.
Ora, se os comportamentos e as atitudes dos mais privilegiados não mudarem no sentido de ser operada uma redistribuição da riqueza mais equitativa e justa, bem como a institucionalização da meritocracia e a responsabilização dos prevaricadores, não demorará muito para sermos governados por populistas, sejam eles de esquerda ou de direita. Será isto que pretendemos? Se não pretendemos, parece.