Ontem, dia 25 de Novembro, foi, segundo uma jornalista televisiva “dia da eliminação contra a violência doméstica”. Não, não foi engano, mais à frente repetiu de novo, tal e qual. Há dias, a propósito do acidente numa pedreira em Borba, a repórter de outro canal informava-nos de que “o corpo do homem foi resgatado sem necessidade de ser preciso trazer uma grua”.
Só mais um exemplo: há uns tempos atrás, escrevi para o provedor da RTP fazendo-lhe notar que no seu programa detectara uma incongruência: ele pronunciava “telespectadores”, mas no ecrã aparecia a palavra “telespetadores”. Ora, sendo possível, pelo malfadado acordo ortográfico de 1990, escrever das duas maneiras, por que motivo não escreviam como ele pronunciava? Resposta do provedor: a culpa era dele, que devia ter dito “telespetadores”. Invertia assim, e não é ele o único a fazê-lo, a própria regra do famigerado acordo: “se o C não se diz, então não se escreve” passou a ser “se eles não escrevem o C, eu não devo pronunciá-lo”.
É neste lindo estado que anda a língua portuguesa na sua nação-berço, quando – no mesmo dia da eliminação contra a violência doméstica – a UNESCO ratificou, em Paris, o dia 5 de Maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa, língua oficial de 260 milhões de pessoas e a mais falada no hemisfério Sul”, segundo o primeiro-ministro António Costa, que acrescentou prever-se serem 500 milhões a falá-la lá para o fim do século.
Isto, é claro, se a emergência climática não se transformar em cataclismo ou se os países da CPLP não forem afectados por uma 3ª Guerra Mundial, abruptamente desencadeada…ou será mais correcto dizer abrutamente começada?