O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que os jovens entendem a democracia como “um dado adquirido”, mas lembrou que esta “constrói-se ou destrói-se todos os dias”.
O chefe de Estado considerou que é um erro dar-se menos valor ao que é adquirido, insistindo: “A democracia constrói-se ou destrói-se todos os dias”.
Marcelo Rebelo de Sousa falava no lançamento do debate do general Ramalho Eanes com jovens de escolas secundárias e da Universidade de Évora no âmbito das comemorações dos 40 anos das primeiras eleições presidenciais em democracia.
No debate, o antigo Presidente da República abordou várias temáticas sobre a transição de Portugal da ditadura para a democracia e a evolução do país nos últimos 40 anos e recordou um episódio que viveu em Évora durante a campanha para as presidenciais de 1976.
“Eu quando cheguei aqui à cidade, à volta da praça [de toiros] havia imensa gente e eu convenci-me que a praça estava cheia. Quando entrei, cheguei à conclusão que muitas pessoas não tinham entrado porque tinham medo, porque lhes tinham dito que eu não chegaria aqui. Era uma zona democraticamente vedada”, contou.
“Eu entrei e fiz um discurso dizendo que não tenham medo e quando saí ia numa carrinho aberta e entendi que eu tinha de dizer às empresas que maneira ostensiva que não podiam ter medo. Na carrinha e sujeito a tiros, eu tinha medo, mas tinham que lhes dizer que dominava o medo”, acrescentou.
Ramalho Eanes concluiu dizendo que “só dominando o medo é a sociedade portuguesa se podia libertar dele”.
Nesse dia, uma das pessoas que assistia à saída de Eanes da Praça de Toiros morreu ao ser atingida por um tiro.